segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O Rebu – Reta Final

Hoje entramos na última semana de O Rebu e, mesmo sem saber ainda quem está por trás dos assassinatos na mansão, é possível dizer que o saldo foi positivo. 

Todos os capítulos da micro-novela foram bem cuidados tecnicamente, mantendo o padrão estético, as boas atuações e um roteiro bem construído que vai nos envolvendo e dando pistas, ajudando a montar o quebra-cabeças.

Não digo que possamos arriscar palpites corretos sobre o nome do assassino, afinal, esse tipo de narrativa é baseado em nos dar pistas falsas induzindo ao erro, quando o que realmente aconteceu está escondido em alguma nuvem não-identificada.

A grande questão, no entanto, não é enganar o telespectador, mas surpreendê-lo. Muitas vezes, a resposta está ali à nossa frente, a gente que não conseguiu enxergar, como foi o caso da telenovela Força de Um Desejo de Gilberto Braga, que considero até hoje o melhor mistério já construído na televisão.

Queremos ser surpreendidos de forma positiva. Uma boa e surpreendente trama pode ser mais prazerosa do que a alegria de desvendar um mistério antes. O único livro de Agatha Christie em que descobri o mistério antes do final foi Morte no Nilo, não por acaso é o que menos gosto da autora.

Este jogo de pista e recompensa que vai nos sendo mostrado é divertido exatamente porque nada está definido. O nome do assassino não pode ser aquele óbvio, que todos esperam. Mas, também não pode ser um Deus ex machina, ou seja, algo tirado do nada no final da trama sem uma construção prévia.

No caso de O Rebu, todos os convidados podem ter matado Bruno e mandado matar Angela. Isso já é uma vantagem para os roteiristas. A questão é o motivo. O suspeito mais óbvio é Braga, personagem de Tony Ramos. O que nos dá também a possibilidade de Bernardo, personagem de Zé de Abreu, e até mesmo Lídia, esposa de Braga, interpretada por Bel Kowarick.

Uma forte suspeita que começa a se tornar mais óbvia nas últimas semanas é Duda, personagem de Sophie Charlotte. A garota se revelou o estereótipo da femme fatale, o que não deixa de ser interessante já que O Rebu tem um tom que flerta com o noir. Simpática, aparentemente frágil, mas que desvia dinheiro da empresa da madrasta e tem contato com aquele que contratou Severino para matar a dona da mansão.

Se lembrarmos que a primeira cena da garota na festa é ela chorando e cantando para Bruno, que já está boiando na piscina pode ser mais uma pista de que ela sabia o que tinha acontecido. Isso sem falar que ela estava com o dossiê em mãos e não entregou a Angela. Mas, como disse, isso ficou muito óbvio.

Temos ainda Kiko, Oswaldo, Camila, Gilda, Alain, Roberta e até mesmo o piloto Antonio Gonzalez que saiu da festa antes dizendo ter outro compromisso de trabalho. Quem sabe isso não era ele forjando o álibi perfeito? Matar Angela e casar com Duda ficando com sua fortuna, não é uma hipótese impossível.

Outra personagem que ainda não disse a que veio foi Vic Garcez, interpretada por Vera Holtz. Aos poucos ela foi revelando seu passado humilde, seu relacionamento com o segurança Zé Maria e seu temperamento prático e até mesmo frio. Aliás, a cena em que ela e Zé Maria cantarolam “Quem te viu quem te vê” de Chico Buarque é um bom exemplo de como passar informações sem precisar de muita exposição.

O fato é que tudo pode acontecer nesta última semana que se inicia. As possibilidades ainda estão abertas e há muito mais por trás dos crimes, que devem estar todos interligados. Se o Chefe Pierre, vivido por Jean Pierre Noher, foi uma vítima do acaso ou também estava envolvido na trama, só saberemos na sexta-feira. O que esperamos mesmo é que a surpresa seja positiva e O Rebu possa marcar a teledramaturgia brasileira com algo acima da média.